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"A burguesia e seu poder produtivo'' – "Tudo que é sólido, desmancha no ar"


"Tudo que é sólido, desmancha no ar" - Marshall Berman A burguesia e seu poder produtivo - A BURGUESIA E SEU PODER PRODUTIVO

Um livro, que então, ironicamente, aborda a modernidade segundo Marx, reencenando o destino da sociedade que ela mesmo descreve, gerando as ideias que desmancha no seu próprio ar.
Tudo que o que é construído pela sociedade burguesa, é feito para que rapidamente seja desfeito, ou destruído. 

"Tudo que é sólido - das roupas sobre nossos corpos e aos teares e fábricas que as tecem, aos homens e mulheres que operam as máquinas, às casas e aos bairros onde vivem os trabalhadores, ás firmas e corporações que os exploram, ás vilas e cidades, regiões, inteiras e até mesmo as nações que as envolvem - tudo isso é feito para ser desfeito amanhã, despedaçado ou esfarrapado, pulverizado ou dissolvido, a fim de que possa ser reciclado ou substituído, na semana seguinte e todo processo possa seguir adiante, sempre adiante, talvez para sempre, sob formas cada vez mais lucrativas". p.91
Eu diria, lucrativas e inconstantes (quem já leu Zygmunt Bauman, faz ideia da magnitude, dos pensamentos de Berman). 

Marx não se interessa nas coisas criadas pela burguesia, o interesse é pelo processo produtivo, os poderes e as expressões de vida humana. Em "O manifesto", Marx expressa algumas das mais profundas percepções da cultura modernista e, ao mesmo tempo, dramatiza algumas de suas mais profundas contradições internas. Para Marx, os burgueses foram "os primeiros a mostrar do que a atividade humana é capaz. (...) Sua vocação para atividade se expressa em primeiro lugar nos grandes projetos de construção física (...) "a burguesia algumas vezes inspirou, algumas vezes forçou com brutalidade, algumas vezes subsidio, e sempre explorou" p.91

Marx não quer dizer que, eles foram os primeiros a celebrar a ideia de vida ativa. Isso já foi tema central da cultura Ocidental. 

A burguesia e seu poder produtivo, segundo Marx
"A burguesia em seu reinado de apenas um século, gerou poder de produção mais massivo e colossal do que todas as gerações anteriores reunidas. Submissão das forças da natureza do homem, maquinário, aplicação da química, à agricultura, e à indústria, navegação a vapor, ferrovias, populações inteiras, expulsas de seus habitat". 

Apesar de todos os maravilhosos meios de atividade desencadeados pela burguesia, a única atividade que de fato conta, para seus membros, é fazer dinheiro, acumular capital, e armazenar excedentes. Sendo, o poder de produzir, a primeira grande realização da burguesia, a segunda é dada no campo da exploração do homem, Berman denomina como: "capacidade e esforço humano para o desenvolvimento" p.93

A segunda grande realização da burguesia, nas palavras de Marx: 
"Todas as relações fixas, imobilizada, (...) são descartáveis, todas as novas relações, tornam-se obsoletas. Tudo o que é sólido se desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado" p. 93.

A destruiria banalidade que o niilismo burguês imprimi à vida.

"Males do princípio "sem princípios" da livre troca"
Marx, reconhece o poder da burguesia, e claro, tece sua crítica, onde afirma que "a burguesia transmudou toda honra e dignidades pessoais em valor de troca; e em lugar de uma liberdade sem princípios, a livre troca". Tal "livre troca", trata-se do poder do mercado interferindo diretamente na vida do homem moderno. Para Marx as velhas formas de dignidade e honra não estão mortas, apenas foram transformadas em mercadoria, "ganham etiquetas de preços", tornando-se valiosa, tudo que pagar bem, terá livre curso. 


















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